Barra: Jovem cabo do exército filho da Barra participa de missão no Haiti

Fillis Niorges

Nascido em Barra, cidade localizada no oeste da Bahia, filho de Marlene Barbosa (Morena), o jovem Caio Oliveira serve o exército Brasileiro com apenas 26 anos e já é Cabo. O mesmo está no Haiti desde o mês de maio. Ele conta que já está no término da ''missão de paz no Haiti'', após 13 anos de operações das forças armadas. ''Somos o último contingente; já estamos desmobilizando tudo e deixando o país realmente pacificado'' diz Caio Oliveira.

                                       

Em todo esse período, além da miséria extrema, a operação ganhou novos contornos e perfil principalmente depois do terremoto de 2010, que deixou 220 mil mortos. A par do desgaste de mais de uma década, militares passaram a ter papel social e humanitário, ajudando na reconstrução do país.
Até outubro, terão passado pela missão aproximadamente 37 mil militares dos 15 países, incluindo o último contingente de 950 profissionais. Foram 30.359 integrantes do Exército, 6.299 da Marinha e 350 da Aeronáutica. O Ministério da Defesa considera que os maiores desafios enfrentados pela tropa brasileira na Minustah foram a pacificação da comunidade de Cité Soleil, a atuação durante o terremoto em 2010 e a ação decorrente do Furacão Matthew.
“O comando militar da operação por parte do Brasil, por decisão da ONU [Organização das Nações Unidas], representa grande prestígio e experiência para o país, além de ser uma representação de projeção de poder muito importante”, analisa o professor de relações internacionais Antonio Jorge Ramalho, da Universidade de Brasília (UnB). Para ele, após tantos anos de operação, as forças policiais no Haiti precisam ter condições de manter a segurança de forma autônoma.

                                         
As tropas brasileiras em missão de paz no Haiti deixarão o país até 15 de outubro, gradualmente. Nos próximos dias, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve bater o martelo sobre a questão. O comandante do Exército, general Villas Boas, fez o anúncio da data nesta quarta-feira, após uma reunião preliminar com representantes da ONU no país caribenho.
O governo avalia que a situação no Haiti já é estável, e o próximo destino da missão de paz brasileira deve ser um país africano. O Brasil já investiu R$ 2,5 bilhões para o trabalho dos capacetes azuis, como são conhecidos os agentes da missão de paz. Deste valor, R$ 930 milhões foram restituídos pela ONU. (o globo)


                                                    
Reconhecimento – Pesquisador de segurança internacional, Ramalho dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros no Haiti entre 2006 e 2008. “Depois do período mais crítico, nos primeiros anos de operação, os haitianos passaram a observar militares de capacetes azuis em ações também de reconstrução em nível de excelência. Foi a primeira vez na história que os haitianos viram militares construindo algo”, afirma.
Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Defesa afirmou que a participação dos militares brasileiros passou a ser reconhecida pelo povo haitiano e por autoridades internacionais pela “desenvoltura com que combinam funções militares, como o patrulhamento, com atividades sociais e de cunho humanitário”. No ano passado, após a passagem do furacão Matthew, que causou cerca de 900 mortes, as tropas brasileiras também tiveram funções de reconstrução de estradas e pontes para a chegada de ajuda humanitária.
Para Ramalho, a participação dos brasileiros na operação colaborou para aperfeiçoar os sistemas de comando e controle, bem como para acionar recursos junto aos poderes Executivo e Legislativo. “Incluindo recursos materiais e humanos. Na formação de militares para operações reais, por exemplo, foi necessário cuidar de forma especial das regras de participação e engajamento”, afirma Ramalho. Ele testemunhou que os brasileiros passaram a ser vistos como “parceiros” e admirados.
Custos – Ao mesmo tempo, a operação, ao longo de 13 anos, também sofreu resistências de comunidades em um Haiti que passou a enxergar a Minustah como uma tropa de ocupação. “Em tanto tempo, sempre há desgastes naturais”, diz o professor. No Brasil, a participação na missão também foi questionada, em função dos gastos. De 2004 até o final do ano passado, os investimentos do Brasil com a Minustah chegaram a cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo dados disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI).
O Ministério da Defesa reconhece um aumento “significativo” dos gastos após o terremoto de 2010. Foram reembolsados pela ONU, até agora, cerca de R$ 431,3 milhões. Há aproximadamente mais R$ 500 milhões pendentes. Os valores devolvidos cobrem os gastos com o emprego da tropa na missão de paz.
Futuro – O fim das operações está programado para acontecer até 1º de setembro e 90% do efetivo deve deixar o Haiti até o dia 15 do mesmo mês. Depois, por um mês, os 10% do efetivo restantes cuidarão do envio dos materiais e sairão do país. O Ministério da Defesa aguarda um convite para integrar outra missão de paz, caso o Congresso Nacional autorize.
O Brasil já participou de mais de 33 missões das Nações Unidas e enviou mais de 50 mil militares no exterior. “Atualmente, além do Haiti,o Brasil também possui integrantes nas missões de paz no Líbano, Chipre, Costa do Marfim, Libéria, República Centro-Africana, Saara Ocidental, Sudão e Sudão do Sul. Os militares atuam principalmente como integrantes em Estado Maior e como observadores em áreas pacificadas”, informa o Ministério da Defesa.
Agencia Brasil / interativa 



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