Brasil não está livre de atentados, explica especialista

Boaz Ganor é diretor-executivo do Instituto de Contraterrorismo da Centro Interdisciplinar de Herzelyia e presidente da Academia Internacional de Contraterrorismo. Ele é considerado um dos maiores especialistas em contraterrorismo de Israel. Em entrevista àFolha de S. Paulo ele explicou que o Brasil não está menos vulnerável do que a Europa a ataques terroristas.

Ganor comentou também que o Ocidente não deve ter ilusões sobre a lógica dos combatentes islâmicos e deve achar o equilíbrio entre antiterrorismo e valores democráticos.

Questionado sobre o discurso da presidente Dilma Rousseff, que disse que o Brasil está "muito longe" do foco de terroristas, Ganor se diz chocado com a afirmação. “Estou chocado. Não é apenas uma concepção errada, mas perigosa. O Brasil é vulnerável ao terrorismo de grupos jihadistas não menos do que Paris, ou até mais”, alerta.

O especialista diz que os atentados não aconteceram no Brasil até agora pois as prioridades dos jihadistas, no momento, são outras.

A reportagem da Folha perguntou sobre o risco de atentados n Olimpíada do Rio, em 2016. Ganor explica que “o Brasil não faz parte da coalizão que está atacando as bases do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Mas, quando representantes de EUA, França, Alemanha estiverem no Rio para a Olimpíada, tudo será diferente. Os atentados em Paris tinham como alvo também um jogo de futebol”. “Eventos esportivos são ímãs para terroristas. Se a concepção for a de que o Brasil está seguro, temo um choque profundo”, completa.

A Folha também perguntou se o que ocorreu em Paris era esperado. “Sim e não. Não é uma surpresa que houve atentados. A França, nos últimos anos, se tornou uma incubadora de fundamentalistas. A surpresa foi modus operandi dos atentados. Até agora, havia o que chamo "ataques de iniciativa pessoal", cometidos por lobos solitários ou células pequenas inspiradas no EI”, explica o especialista.