Crianças e adultos ruralistas estão abandonados pelo desgoverno de Barreiras

Esta é a realidade na vida das famílias da comunidade centenária de Palmeiras, localizada em Barreiras, oeste da Bahia. Quem não acreditar e quiser conferir a veracidade dos fatos, basta sair do centro de Barreiras pela BR 135, tomando a estrada do povoado do Cantinho do Senhor dos Aflitos, seguindo por uma estrada precária e de difícil acesso que corta algumas fazendas, depois de mais de 50 km encontra-se cerca de 30 famílias nesta situação

deplorável. Ali, como foi dito, ainda hoje, cidadãos brasileiros, nativos de Barreiras, sobrevivem em um estado eremita, desamparados pelas políticas públicas dos governos, principalmente das necessidades básicas de qualquer ser humano, como água potável e energia.

Segundo uma moradora, a água que sua família e demais moradores matam a sede, fazem comida e outros afazeres, é proveniente de um riacho onde todos bebem: animais e seres humanos. A rede de energia elétrica que nunca chegou ao povoado fica a aproximadamente 8 km, exatamente a distância que os moradores percorriam quando existia transporte para o centro da cidade. As crianças que outrora caminhavam cerca de 2 km para pegar um ônibus escolar que as levavam até à escola mais próxima, no povoado do Val do Teiú, apenas no turno da tarde, há mais de três anos que não sabem o que é uma sala de aula porque o prefeito não respeita seus direitos, inclusive, o do transporte escolar.

Com o objetivo de fortalecer, racionalizar a organização econômica, social e política da comunidade e garantir direitos dos moradores, no último domingo (11), debaixo de um frondoso cajueiro foi criada a Associação de Moradores da Comunidade de Palmeiras. Estiveram no evento, alguns membros do Reencantar, uma das tendências petistas, onde faz parte o vice-presidente do PT de Barreiras, Antonio Marques, e outros representantes da deputada federal Moema Gramacho e do deputado Joseildo Ramos. Também participaram do ato, o vereador Otoniel Teixeira, representantes de sindicatos e de outras associações da região. Todo o processo foi comandado pelo advogado Dr. Douglas Castro que no final parabenizou os moradores presentes pela iniciativa em se unirem na busca das demandas básicas que a comunidade tanto carece.

A diretoria da AMCP ficou composta pelo presidente, Júlio Hermes Ribeiro Cerqueira; vice-presidente, Antonio Oliveira Brandão; 1º tesoureiro, Rosilene Tome da Cruz; 2º tesoureiro, Rosicleia Ribeiro dos Santos; 1º secretário, Romabia dos Santos da Fonseca; 2º secretário, Edigar Sena Souza; secretário de Agricultura Familiar, Vanderlei Marques de Oliveira. O Conselho Fiscal ficou formado por Sonia Francisca de Santana dos Santos; José Dias dos Santos e João Rodrigues de Cerqueira.

Júlio Hermes Ribeiro Cerqueira, presidente eleito por unanimidade que muito antes já lutava por melhorias para a comunidade, conta que tem feito esforço pessoal em busca de benefícios para os moradores e que o momento era de alegria pelo fato da comunidade ter se organizado e criado sua própria Associação. “Não foi nada fácil o esforço pessoal que temos feito atrás dos benefícios que a comunidade tanto necessita e anseia, finalmente conseguimos unir força e criar nossa associação, acredito que a partir de agora as autoridades vão atender com mais seriedade nossas demandas”, disse o presidente.

Já seu Antonio de Oliveira Brandão, vice-presidente da Associação, que nasceu, se criou e ainda reside nas mesmas condições de desconforto, há mais de 55 anos, em uma casa simples com seus familiares reafirma que sobreviver na localidade não é nada fácil. “Só mesmo milagre de Deus é o que nos faz viver neste local. Hoje, por enquanto resistimos graças ao pouco do dinheiro do Bolsa Família que nos ajuda a comer porque a mandioca, o milho e o feijão que plantamos muitas vezes não é o bastante para alimentarmos nossa família”, disse seu Antonio.

Antônio Marques, vice-presidente do PT de Barreiras, observou que a consequência desses descasos para comunidade como a de Palmeiras faz com que a cada ano diminua o número de moradores da Zona Rural do município porque se submetem a morar em quaisquer condições na cidade onde tem água potável, escola e médicos. “Mesmo ciente do fantasma da miséria e do isolamento rondando esse povo, é inacreditável que nenhum preposto ou mesmo o prefeito que depois de eleito tenha se sensibilizado em fazer algumas melhorias ou pelo menos aparecer na localidade”,enfatizou o petista.

Como nesse Brasil promessa não é dívida, em Barreiras não é diferente, das promessas feitas em campanha pelo governo que aí está, estima-se que 99% não foram cumpridas, motivo que leva acreditar que é impossível fazer, porque que já se passaram mais quase três anos e nada sinaliza que serão realizadas. Este foi o reclame de um dos moradores que segundo ele está cansado e desesperançado de tantas promessas de prefeitos e vereadores que entram e saem sem fazer nada pela comunidade.

Nos dias de hoje não é mais admissível a conivência entre os poderes públicos: executivo, legislativo ou Ministério Público, é preciso que eles sejam independentes e antagônicos para que tomem atitudes urgentes diante do estado de exclusão dessas famílias que continuarão a viver sem luz, sem educação e tratar seus filhos doentes na base da luz do candeeiro, pelos menos é o que acontece no momento com a comunidade de Palmeiras, localizada em Barreiras, região Oeste da Bahia, um dos rincões de Deus que se diz brasileiro.

Por Tenório de Sousa

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